OS livros Cativaram-ME desde pequeno

Tudo começou na escola, no Zimbabwe. De objecto que premiava desempenhos passou a hábito estruturante – a falta da leitura parecia-me uma falha séria do mundo. Fosse como fosse, sentia que ler era algo que era importante para ser melhor – o máximo da minha consciência aos nove anos.

Em Portugal, senti que a leitura era pregada, mas não incentivada ou premiada. Os meus colegas não pareciam interessar-se por livros; senti que dar vida às palavras do texto era quase um fenómeno não identificado no meio ambiente onde estudei. No início dos anos 80, os meus pais (com a colaboração do FMI) tinham pouco dinheiro para livros, apesar de eles considerarem muito importante eu e a minha irmã sermos capazes de ler bem.

Então, em inglês tinha um livro policial e de aventuras e outros acerca de cachorros, do David Livingstone ou dos viquingues. Em português, tinha um livro acerca das manobras políticas que antecederam a Segunda Guerra Mundial e outro falando das grandes batalhas aéreas, adquiridos na minha primeira Feira do Livro, em Lisboa. A primeira obra a sobressair da massa de livros escolares terá sido o Bichos, de Miguel Torga.

Enquanto actividade consciente e continuada, a escrita a sério começou a tomar forma talvez mais perto do fim do ensino secundário. A ideia de escrever parece-me ter nascido ainda na escola primária. Nunca mais parei.